Engenheiro Agrônomo explica técnicas usadas na construção de Galpão com madeira de eucalipto
O Engenheiro Agrônomo, Pedro Canísio Heberle, atua há dezoito anos no município, coordenando e acompanhando diversas atividades ligadas ao agronegócio. Ao longo deste tempo, foram inúmeros os projetos desenvolvidos, porém, Pedro Canísio destaca o Reflorestamento como um dos principais marcos de sua caminhada profissional. “O início da minha carreira profissional, há dezoito anos, coincidiu com uma fase da agricultura em que acontecia um esvaziamento populacional no meio rural. Havia boa oferta de terras comercializáveis e muitas propriedades com áreas obsoletas, consequências do modelo de exploração de décadas anteriores. Este foi um cenário propício ao bom rendimento das políticas públicas de incentivo ao crédito fundiário e ao reflorestamento”, comenta Pedro Canísio.
De acordo com o Engenheiro Agrônomo, a comunidade local acolheu bem os esforços das lideranças políticas e técnicas, tornando São João do Oeste município destaque no tocante ao número de projetos do programa Banco da Terra e, sobretudo, em reflorestamento. As duas atividades eram políticas estaduais disponíveis à exploração dos municípios. A liderança local empenhou-se consistentemente em tais tarefas. De tal modo, houve robusta mobilização e capacitação de produtores rurais, fortalecimento da parceria técnica Prefeitura/Epagri, investimentos na ampliação e modernização da estrutura física do viveiro florestal, subsídio de mudas, vinculação dos beneficiários do crédito fundiário ao reflorestamento, entre outros.
No que tange a atividade do reflorestamento, Pedro Canísio ressalta que, ao chegar à prefeitura de São João do Oeste, foram-lhe apresentadas as duas demandas de serviço principais: A elaboração de projetos de crédito fundiário e a implantação de projetos de reflorestamento.
O arranque inicial supracitado gerou ânimo, de modo que os incentivos para o setor florestal continuaram por mais de uma década. Assim que os apoios estaduais cessaram, foram formuladas políticas municipais de fomento da atividade. Como nada é eterno, mais a própria dinâmica da atividade, especialmente o seu manejo, e acentuadamente o mercado trataram de acalmar os ímpetos para novos plantios. A atividade leiteira teve grande escalada nos anos mais recentes e tornou-se grande competidora, reavendo áreas de terras antes ocupadas por florestas. “A estagnação dos plantios também tem ligação com o fim da oferta de áreas desocupadas, uma vez que as estimativas apontam que o município passou a contar com aproximadamente oitocentos hectares de eucalipto e um pouco de pinus”, destaca Pedro Canísio.
Para o Engenheiro Agrônomo, a cultura florestal difere das demais, sendo seu ciclo médio considerado de 20 anos ou mais. “Grande parte dos reflorestadores não consegue implementar um planejamento de manejo e colheita, usufruindo toda floresta antes do prazo ideal, muitas vezes com alcances pouco nobres, prioritariamente para a finalidade energética. São raros os casos de uso múltiplo, em que a floresta é manejada de forma a oferecer diferentes produtos ao longo do ciclo pela prática do desbaste”, comenta Pedro Canísio.
Construção De Um Galpão Para Depósito No Viveiro Florestal
Como gesto de demonstração de que o manejo múltiplo é interessante, as áreas de floresta da Prefeitura, junto ao viveiro municipal, estão sendo assim conduzidas, oferecendo na medida do possível, diferentes materiais para as demandas que se apresentam, tais como postes, madeira serrada, mourões para cerca e as sobras para lenha.
Em meados de ano de 2017 foi efetuado o corte raso de um pequeno talhão com idade de 16 anos, avaliado com diâmetro adequado para a construção de um galpão para depósito. Durante os últimos meses, trabalhou-se na execução do projeto ao lado do Viveiro. A obra tem as dimensões de 20 x 15metros, podendo alcançar 500 metros quadrados de área útil com o uso do segundo piso. O orçamento estimado total foi de R$ 89.375,00. O valor da madeira corresponde a aproximadamente R$15.000,00 e a mão de obra orçada em R$ 20.000,00. O orçamento inclui fechamento com aluzinco, dispensando-se o tratamento químico da madeira. O projeto foi executado pela própria Prefeitura, através da parceria das Secretarias de Agricultura e de Obras, com apoio do Setor de Urbanismo e Viveiro. Assim, as expensas diretas giram em torno de R$ 50.000,00.
As técnicas usadas na construção do galpão, executadas pelo próprio Engenheiro Agrônomo, Pedro Canísio, chamam a atenção. Foi utilizado um sistema de conexão ou ligamento de peças com barras rosqueadas e pinos metálicos (dowel-nut). Para minimizar o problema das rachaduras, utilizou-se as abraçadeiras Bap reguláveis. A montagem contou com o apoio de máquina retroescavadeira e braço mecânico (munck). Os resultados foram avaliados como muito satisfatórios, especialmente porque o sistema empregado permite contornar os dois maiores problemas de madeiras de eucaliptos: a instabilidade dimensional e o grau de rachaduras. “Consideramos a iniciativa economicamente competitiva e com resultado estético que pode chegar ao estado da arte com a atuação de profissionais capacitados e o emprego de equipamentos e ferramentas adequadas. Comprova-se, que a madeira roliça de eucalipto tem bom potencial de uso além do que estamos acostumados a ver. A iniciativa encoraja-nos a novos empreendimentos no âmbito público, ampliando o leque de opções e fomentando o desenvolvimento do setor florestal. Dezoito anos foram o suficiente para plantar, colher e usufruir. Agradeço as lideranças do passado e do presente pelo apoio. Esta simbólica história vai como um tributo a todos que a tornaram realidade”, complementa Pedro Canísio.